8/14/11

Porque não conseguimos fugir do sofrimento

Cheguei há pouco em casa e não pude deixar de registrar aqui o que senti depois de assistir ao novo filme de Terrence Malick, A árvore da vida.

Como já era de se esperar, é um filme de arte, de uma sensibilidade ímpar e que me remeteu há alguns anos atrás quando minha mãe se foi e também à maior parte do meu último ano, em que minha alma e pensamento estiveram em lugares muito tristes, escuros, muito sofridos.

Não dá para definir uma mensagem neste filme, mas talvez várias. E normalmente cada um tira uma mensagem subjetiva, seja por uma questão de identificação com situações já vividas, seja por simples interpretação, que por si só é pessoal e intransferível.

No meu caso, o filme mostra que coisas ruins acontecem com todo mundo e não temos como evitar. Nem a nós, nem a quem nos é querido. Infelizmente. O que nos forma, os nossos valores, o AMOR dos que nos querem bem, é que nos ajudam a levantar todos os dias e seguir em frente.

Hoje vivemos em um mundo muito individualista. O amor ao próximo, simples demonstrações de carinho e amizade, muitas vezes podem ser vistos como sinal de fraqueza ou de uma sensibilidade desnecessária. O desejo ou, para muitos, a obrigação de ter mais, ser mais, conquistar mais, muitas vezes atrapalha que nos seja permitido viver a simplicidade da vida.

Eu hoje posso dizer com muita segurança que acredito já ter passado por muitas coisas ruins. Situações em que me perguntei: e agora? Como vai ser? Como seguir adiante? Minha mãe morreu e eu perdi meu norte, minha referência, meu chão. Não dá para descrever. Mas a força que ela sempre demonstrou em toda a sua vida me ajudou a seguir em frente. Tenho certeza absoluta que ela continua me mandando esta força, lá do lugar bonito que ela está agora. Se não for isso, realmente não sei como estou tocando minha vida neste momento.

E fico grata a esta força. E a tudo que minha mãe e meu pai me passaram. Por causa disso sou capaz de assistir a um filme e ter esperança. Sou capaz de reconhecer que as coisas acontecem porque estamos aqui, vivos e de nada vai adiantar procurar uma razão. O que importa mesmo é como você decide passar pela vida.